quarta-feira, 13 de março de 2013

King Kong - Primeiro e Único

O início do sec XX foi uma época única. O mundo ainda mesclava a fantasia e a magia que reinava na imaginação popular com a ciência que começava a se popularizar graças ao início da industrialização. 

Uma época onde ainda podia se acreditar na existência de mundos perdidos, civilizações desconhecidas, florestas ainda inexploradas ( principalmente na África e na América do Sul ) com animais gigantes e até com dinossauros.


Eram constantes naquela época as explorações científicas em busca da confirmação de mitos e fábulas. Muitos professores, doutores e os conhecidos aventureiros, se embrenhavam em locais de difícil acesso ou ainda não visitados pela "civilização" com a intenção de fazer alguma grande descoberta que os levassem a fama e a um lugar de destaque na história da ciência.


Foi nesse clima, em 2 de março de 1933 chegava as telas dos cinemas americanos um dos maiores sucessos da história da 7ª arte: King Kong.




O filme, produzido pelos estúdios RKO,  tinha a formula para o sucesso na época, com uma ilha cheia de criaturas fantásticas, uma linda e indefeza mocinha, uma fera descontrolada e aterrorizante e uma história de amor. Enfim, ação, terror, romance e aventura.


 Ao contrário do que muitos acreditam ( confesso que eu me incluia nesse grupo ) King Kong não foi retirado de alguma lenda nem era um animal de alguma mitologia africana. Ele foi criado específicamente para o roteiro desse filme. A idéia era ter um animal ancestral, gigantesco, o último ou um dos últimos de sua espécie. Mas queriam algo diferente, por isso a escolha de um gorila, escolha de Merian C. Cooper, um dos diretores e principal idealizador do filme. Supostamente Cooper sonhou com um gorila gigante atacando Nova Iorque e aí teve a idéia básica do filme.



Escolhida a fera agora precisavam da bela. Cooper decidiu rapidamente que queria uma atriz que fosse loira e de pele muito clara para contrastrar com os pelos negros de Kong ( lembrem que "este filme foi produzido originalmente em preto e branco" ). Cooper então começou a procura e encontrou Fay Wray. Ele a viu em Doctor X e a achou perfeita ( por causa da sua capacidade de dar gritos de horror com enorme realismo - e muito alto ), só para depois descobrir que ela era morena e que usava uma peruca loira no filme. 


Então, já que ela tinha o visual que Cooper queria, e gritava como ninguém, a solução foi colocá-la de peruca também em King Kong.

Dizem que, quando Fay foi contratada Cooper lhe disse que ela contracenaria com "o moreno mais forte e alto de Hollywood". Ela acreditou que atuaria com Clark Gable até que, no primeiro dia de filmagens eles mostraram uma foto de Kong.



Antes do início das filmagens, porém, ainda havia um pequeno detalhe a se resolver: Qual seria o nome do filme? O roteiro inicial tinha o nome "The Beast", que foi mudando para  "The Eighth Wonder", "The Ape" e "King Ape". Foi nesse momento que introduziram no roteiro os nativos da Ilha da Caveira que adoravam o gorila gigante e entregavam mulheres em sacrifício.


Esse detalhe, feito para levar a mocinha até a fera, também permitiu uma razão para o gorila ter um nome, o nome pelo qual os nativos o chamavam. Cooper escolheu Kong e decidiu que esse também seria o nome do filme.


O "King" foi acrescentado  por David O. Selznick que trabalhava na RKO. Ele achava que Kong era um nome muito simples, que poderia ser confundido com outras coisas e esquecido facilmente e que King Kong seria mais marcante.



Apesar do roteiro ter demorado a ser escrito, as filmagens correram sem grandes problemas e o filme pôde estreiar no início de 1933 como planejado, com uma exibição simultânea nas duas maiores salas de Nova Iorque da época "The Roxy" e "Radio City Music Hall". Juntas elas tinham capacidade para quase 10 mil espectadores e estavam lotadas.


O filme foi um sucesso sem precedentes e sua arecadação foi o suficiente para evitar a falência dos Estudios RKO, que relançou King Kong várias vezes nos cinemas americanos até o final dos anos 1950.



Quando o filme foi relançado em 1938 ele foi editado tendo sido cortadas a maioria das cenas de violência e sexo. Isso aconteceu devido a criação do Production Code ( um paralelo ao Código de Ética dos gibis, feito para o cinema ) em 1934. 


Quando o filme foi novamente relançado em 1971 a maioria das cenas originais cortadas foram restauradas. A única perdida até hoje é a que mostra Kong derrubando um grupo de marinheiros de uma ponte ( na Ilha da Caveira ). Eles acabam caindo em uma teia enorme e são devorados vivos por uma aranha gigante.


Diz a lenda que, na única vez que essa cena foi exibida foi na pré estreia ( janeiro 1933 ). A cena teria sido tão chocante que gerou uma gritaria enorme no cinema com alguns espectadores chegando a deixar a sala chocados e a exibição foi interrompida. Devido a essa reação os produtores resolveram cortar esse pedaço antes da exibição ao público. 


Há a possibilidade de que esse pedaço tenha sido guardado em um local diferente do que os outros que foram cortados em 1938 e por isso não tenha sido encontrado até hoje.


Este filme chegou a ser colorizado para lançamento em DVD mas o verdadeiro clima de terror e suspense só se encontra na versão PeB.



Enfim, por mais histórias e detalhes que se contem e se descubram sobre este filme, uma coisa é certa. King Kong é um ícone da 7ª arte.

Kong já fez suas aparições na 9ª arte também... mas isso é assunto para outro dia...

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