sábado, 4 de julho de 2009

Os 10 Maiores Momentos dos GIBIs no Brasil



Nós do Blog TOP GIBI achamos essa matéria na NET escrita por Rod Gonzalez. Ela descreve, na visão do autor, os 10 Momentos Mais Importantes dos GIBIs no Brasil, organizados de forma cronológica e não necessáriamente pela sua importância histórica.

1 - 1869: Angelo Agostini publica o Nhô Quim e inicia a era dos GIBIs modernos. Em seguida cria o Zé Caipora, primeiro herói de aventuras e primeiro GIBI do mundo, e Inaia a primeira heroína ( com toques eróticos ) do mundo. Seu nome já é a cada dia mais associado como pioneiro dos GIBIs, sendo o dia da criação do Nhô Quim o Dia do GIBI no Brasil no dia 30 de janeiro. No exterior, a Itália também o reconhece como o pioneiro.

2 - 1905: é lançado o Tico Tico, primeiro GIBI periódico de quadrinhos do mundo e sucesso por mais de 50 anos. No Tico Tico se cria o formato-brasileiro, que se torna o padrão dos gibis do mundo inteiro. Infelizmente tal formato é chamado de "formato- americano" numa negação do brasileiro a sua própria cultura! O Tico-Tico tinha concorrentes; "Vida Infantil!", "o Bem-Te-Vi" e "o Pica-Pau", ainda antes de surgir o personagem estrangeiro; origem da similaridade das crianças com o pássaro, associado aos GIBIs.

3 - 1937: O Garra Cinzenta é publicado.Ele é considerado o primeiro GIBI de terror do Brasil e também o primeiro GIBI de Super-Herói do mundo, antes do Super-Homem. Apesar de não haverem super-heróis, há um super-vilão, e não existem os heróis sem os vilões. Também neste GIBI há a primeira vilã do mundo, a Dama de Negro. Republicado diversas vezes, o Garra Cinzenta foi plagiado diversas vezes pelo mundo inteiro, entre eles por norte-americanos ( The Blazing Skull, Mr. Bones, Ossos Cruzados, Esqueleto ), italianos ( Kriminal,Satanik, Killing ), japoneses ( Fantomas ), e seus direitos autorais já foram roubados por mexicanos, franceses e belgas, o que o torna o personagem mais importante, influente e plagiado de todos os tempos. Criação de Francisco Armond e Renato Silva, reapareceu nos anos 80 num GIBI de Marcelo Marat e Marcio Sennes enfrentando super-heróis brasileiros clássicos do calibre de Raio Negro, Homem-Lua, Mystiko e Golden Guitar.

4 - 1957: Criado por Moisés Weltman em novela no rádio, Jerônimo, o Herói do Sertão chegou aos GIBIs pelas mãos de Edmundo Rodrigues e se tornou o gibi nacional de maior sucesso já registrado. Jerônimo desbancou todos os "mocinhos" norte-americanos da época, e finalmente um tipo brasileiro se torna popular entre as crianças e leitores de gibis. Jerônimo era um cavaleiro andante que levava justiça aos sertões do Brasil enfrentando terríveis bandidos em localidades bem brasileiras. Filho de Maria Homem, nascido em Serro Bravo, entre tiros e tocaias cresceu. Maria Homem, sua mãe, era uma mulher de pulso forte, que lhe ensinou as diferenças entre o bem e do mal. Jerônimo também fez sucesso na tv por duas vezes. Na tv Jerônimo estreou em 1972 na tv Tupi com direção de Benedito Rui Barbosa. Foi um sucesso que depois retornaria pelo Sbt de 1984 a 1985. Reprisada em 1991. Franciso di Franco foi o Jerônimo nas duas produções. O GIBI chegou a voltar pela editora Bloch, mas com o processo de aculturação e colonização que sofreu o povo brasileiro, não obteve o mesmo sucesso de antes. Enquanto os "mocinhos" norte-americanos estão nas bancas até os dias de hoje.

5 - Anos 50 até meados dos anos 80: com diversas interrupções de produção, mas sempre sendo publicado clandestinamente, Carlos Zéfiro revoluciona os GIBIs eróticos mundiais ao retratar com maestria verbal e qualidade de desenhos ( ainda que considerados simples ) a vida sexual dos brasileiros no período. Considerados um dos povos mais sexualmente ativos do mundo, Carlos Zéfiro soube como ninguém mais retratar a sexualidade do brasileiro médio em quadrinhos. Produto exclusivo para homens no passado, atualmente as mulheres são grandes fãs e leitoras da obra do rei da sacanagem!

6 - 1959: Maurício de Souza lança seu primeiro GIBI, o Bidu, que não fez tanto sucesso quando a Revista do Pererê de Ziraldo lançado em 1960. Com o início da ditadura militar e da desvalorização da nossa cultura, substituída pela cultura imperialista norte-americana, Pererê nunca mais conseguiu emplacar apesar de ter sido um grande sucesso quando lançado. O brasileiro não conhece e não valoriza mais seu folclore. Nos anos 70, quando ambos os autores voltaram a produzir GIBIs, Maurício enfim emplacou com o GIBI da Mônica que é, até hoje, o GIBI mais vendido do Brasil, enquanto Ziraldo sai esporadicamente nas bancas, fazendo relativo sucesso.

7- 1959 e anos 60: Era de Ouro de Super-Heróis Brasileiros! A partir de 1959 começa a ser publicado o Capitão 7, principal super-herói do Brasil. Gedeone Malagola é um dos maiores destaques do periodo. Apesar da já ter criado diversos personagens antes, tanto infantis, quanto super-heróis, destaque para a Patrulha Sideral, que incluía o Capitão Astral, Eletra e Radite. Essa série é anterior e similar a Tropa dos Lanternas Verdes. Quando criou o Raio Negro, Gedeone se vingou da DC ( National, na época ) que havia copiado os conceitos da sua Patrulha. Gedeone também escrevia o Capitão 7, e além do Raio Negro são famosos o Homem-Lua e o Hydroman. Outros super-heróis famosos do período: Capitão Estrela, Juvenil Joel, Capitão Aza ( todos vindos da tv ), Golden Guitar, Kutang, Wyrgus, Karatemem, Mystiko, Homem-Microscópico, Targo, Fantastic, Fantar ( plagiado em Savage Dragon ), Patrulheiro Fantasma ( que veio bem antes do Motoqueiro Fantasma da Marvel, sendo muito parecido e evidente a cópia norte-americana ), Homem-Força, Pabeyma, Bola-de-Fogo, Homem-Justo, Zhor e muitos outros. A revista da vampira Mirza foi duplamente plagiada. Dela fizeram a tal Vampirella, e do Morto do Pântano, que dividia com ela sua revista, a Marvel e a DC fizeram suas versões. Já nos anos 2000, Mirza entrou para um grupo, junto com outros super-heróis criados ou desenhados por Colonnese no período, Superargo, Gato ( copiado no exterior ), Pele de Cobra, Escorpião e X-Man. A Angélica que faz parte do grupo "Última Missão" é criação de 1981. Outro destaque foi Edmundo Rodrigues com o Carrasco e a bruxa Irina. Naiara, uma vampira de destaque, uma loira pra fazer contraste com a morenice da Mirza. De Nico Rosso.No final dos anos 60, surge a editora Edrel: Fernando Ikoma lança o Fikom, um dos melhores Super-Heróis do Brasil, Satã a alma penada e Sibele a espiã de Vênus, duas heroínas brasileiras singulares e muito importantes no cenário do GIBI mundial, todos pela editora Edrel.. Apesar de seu trabalho ser desconhecido pela maioria dos brasileiros, Fikom e Satã serviram de inspiração para Nelil Gayman criar seus Sandman e Morte, que ficaram muito mais famosos, apesar de serem cópias e de qualidade inferior! Na Edrel também aparece pela primeira vez a Maria Erótica ( que retornaria pela Grafipar ). Criação de Cláudio Seto que mistura ficção, fantasia com muita sensualidade, os GIBIs da Maria Erótica conquistam o leitor ao abordar com leveza vários assuntos pertinentes a sociedade, inclusive a repressão da época em que foram criadas ( na primeira fase da Edrel ) e o desinteresse dos brasileiros pelo quadrinho brasileiro e a ação das máfias editoriais ( na fase Grafipar ). Nico Rosso é outro destaque do período com GIBIs magistralmente pintados em aquarelas, com GIBIs de temática totalmente brasileira. Destaque para a série Terrir e o herói Chico de Ogum, todas ligadas a temática das religiões afro-brasileiras. Nos anos 70 aparece pela editora Ebal o GIBI do Judoka, a mesma editora dos GIBIs gringos mais famosos na época. Provando a capacidade do GIBI brasileiro e contrariando as espectativas, o GIBI do Judoka se torna o mais vendido da editora numa série de longa duração, que encerra sua publicação mesmo ele vendendo bem. É que a editora estava em crise e o direito autoral do GIBI gringo é bem mais barato que o nacional. O criador do Judoka foi Pedro Anísio que escrevia os GIBIs e as artes eram de Colonnese, Ikoma, Mário José de Lima, Eduardo Baron, Fhaf, entre outros.O Judoka fez tanto sucesso que chegou até os cinema. Sua garota também se torna heroína quando surge o casal Judoka, que foi plagiado pela Marvel. Ainda que temporão o Judoka fecha a era de ouro dos super-heróis brasileiros com chave de 18 kilates!

8 - Os Fradinhos são o pontapé mundial do chamado GIBI de vanguarda ( chamado por uns de underground, ou a versão brasileira da época, udigrudi ) criados no início dos 60, anteriores a R. Crumb. Juntos com o Capitão Zeferino( nos anos 70 ) e outros personagens do Henfil são estrelas da revista Fradim, 31 números, que circularam de 1973 a 1980. Henfil também publicava nos jornais "Pasquim" e "Jornal do Brasil". Precursor de um estilo anárquico e sem limites, se você acha os Skrotinhos do Angeli ou os Piratas do Tietê do Laerte absurdos você nunca viu os absurdos que o Baixim o mais pirado dos Fradinhos fazia. Já o Capitão Zeferino era mais poético falando da seca do nordeste, mais político. Mas, Henfil foi genial e marcou os GIBIs da era ditatorial definitivamente! Henfil também sofreu na pele os malefícios de lidar com editores estrangeiros no período que publicou tiras dos Fradinhos em jornais dos Estados Unidos da América do Norte. Os maus tratos foram denunciados num livro.

9 - Ainda durante os anos 70, temos a Era de Prata de Super-Heróis Brasileiros! Com personagens politizados, repletos de críticas ao momento político ( "anos de chumbo" da ditadura militar ) e social ( liberação sexual ). No Pasquim apareceram Deus ( crítica as religiões ),o "PM" ( crítica a violência policial ), Supermãe ( críticas psico-analíticas da família ) todos de Ziraldo, o Super-Negro ( crítica ao racismo ) de Vilmar e o Capitão Ipanema de Jaguar ( crítica aos costumes cariocas ). No Pasquim ainda apareceram super-heróis discutindo o conflito na Palestina, e Maitesão, heroína inspirada em Maitê Proença. Na revista Pancada ( ed.Abril ) apareceram os super-heróis brasileiros criados por Carlos Chagas baseados em personalidades da época como Bat Carlos ( Roberto Carlos ), Lula-Lelé ( Lula ), Bragarella ( Sônia Braga ), Multi-Chico ( Chico Anísio ), Capitão Baú ( Sílvio Santos ), os jogadores Médico Monstro ( Sócrates ) e Super-Zico. Na revista da Welta ( a partir de 1978, editora 10-Abafo ) apareceram os super-heróis Homem-Barata e o Cavêromem, de Mirson Ribeiro, críticas bem-humoradas aos "comics" enlatados norte-americanos. Outro personagem do período que merece ser lembrado por suas ainda atuais críticas aos enlatados estrangeiros e as máfias editorias é o Super-Cupim, de Emanoel Amaral do Grupehq de Natal/RN no semanário "O Poti" em 1971. O personagem protagonizou o primeiro grande encontro de personagens brasileiros documentado, reunindo a Mônica, o Fradim, Pererê, Jerônimo,o Anjo, o Falcão Negro no time brasuca, enfrentando personagens conhecidos da indústria de hq norte-americana. O final termina em derrota para os brasileiros culminando com a morte do Pererê. Essa simbologia pode e deve ser aplicada e comparada com a realidade que vivemos com a derrocada dos GIBIs brasileiros nas bancas.

10 - Velta - criada em 1973, por Emir Ribeiro, Velta se tornou, nos dias de hoje, a principal personagem brasileira! Por nunca ter deixado de ser publicada, demonstra toda a garra de seu criador Emir Ribeiro, que foi o único artista de sua geração que nunca desistiu de suas criações e sempre consegue publicar seus GIBIs, apesar de todas as dificuldades. Velta também é a mais importante porque, em seus GIBIs, notam-se influências de tudo que já se viu nos GIBIs mundiais, passando por clássicos, super-heróis, GIBIs europeus, GIBIs independentes e até mangá, identificando a heroína com o aspecto cosmopolita do brasileiro, e também o lado político de resistência cultural à dominação e aculturação que os estrangeiros perpetuam em nosso país. Amada por muitos, odiada por outros, mas sempre orgulhosa e poderosa, o fato de um GIBI tão importante e de tanta qualidade quanto Velta não estar regularmente nas bancas é um reflexo da fragilidade e deturpação de nosso mercado.
 
 
Apesar de Rod Gonzales ser um pouco parcial nos seus comentários, estes são cheios de informações muito interessantes que a equipe do Blog TOP GIBI vai destrinchar aos poucos em breve!
E você, também tem os seus 10 Momentos Mais Importantes dos GIBIs???
Mande pra gente...

Um comentário:

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