quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Revolução Panini Pt4


A Revolução Panini Pt4
CONCLUSÃO - TOP GIBI


O grande assunto a ser tratado nessa revolução, ao nosso ver, não é o aumento de preços ou a situação econômica do mundo. É sim a maneira como os consumidores de GIBIs são tratados no Brasil.
Aumentos de preços sempre aconteceram em todos os lugares, não é um castigo só para os brasileiros. Agora fazer um aumento de preços e disfarçar de 'ação pró leitor'...

Históricamente, apartir da Editora Abril, o leitor de GIBIs foi, aos poucos, sendo transformado, aos olhos das editoras, em artigo de segunda categoria. Elas começaram a acreditar que, os leitores/colecionadores estavam a sua mercê. Que eles não tinham escolha. Elas escolhiam o que publicar, o formato, a periodicidade e até se iriam publicar até o fim. Apostavam no desejo, no apego que esses leitores/colecionadores tinham pelos personagens e que isso os faria continuar comprando independente da qualidade ou do custo/beneficio.
O pior é que por muito tempo elas ganharam essa aposta mas sem perceber que, mesmo com a entrada, ano após ano, de novos leitores/colecionadores, as suas vendas continuavam lentamente a diminuir. Isto porque a paixão que as pessoas tinham pelo univeros dos GIBIs, com poucas excessões, acabava esmagada pela desilusão e raiva gerada pela forma como elas eram publicadas no Brasil.
Agora a coisa começa a ser diferente. Parece que finalmente nós, leitores/colecionadores de GIBIs, estamos percebendo que somos CONSUMIDORES, que temos direitos, que somos inteligentes e que não precisamos ser enganados com historinhas. Nós fazemos essa engrenagem funcionar. As editoras é que precisam dos leitores/colecionadores de GIBIs e não o contrário. Se nós parassemos de comprar os GIBIs publicados no Brasil ( e tem muita gente optando por isso ), elas é que entrariam pelo cano.

A Editora Abril, no que se refere a Marvel, sempre teve escolhas duvidosas ( pra falar só de algumas das que acho mais graves ):
Não publicar na integra os Campeões, Os Invasores e os Defensores originais, demorar quase 3 anos para começar com os Vingadores, a péssima coloração dos GIBIs chegando ao cúmulo de ter histórias em que cada quadrinho era inteiro de uma cor ( um era roxo, outro laranja... ),etc. Depois, encher os GIBIs com personagens como os Micronautas, Senhor das Estrelas, Indiana Jones e Guerra nas Estrelas, coisas que não tinham nada a ver com o Universo Marvel e que ocupava um espaço precioso, e quando alguém escrevia pedindo algum material que era dos herois Marvel, a editora dizia que não tinha espaço.

E com a DC foi pior:
Republicar material com quase 20 anos, que já haviam sido publicados e até republicados pela EBAL. Tratar a Liga da Justiça ( original ) como grupo de 2ª linha, nunca ter aberto espaço - nem em forma de texto ou edições especiais - para as Terras Alternativas ( Terra X, Terra S, etc ), permitir uma diferença de cronologia imensa com a americana, tanto que, quando Crise nas Infinitas Terras chegou, tudo ficou bagunçado, muitos leitores ficaram confusos ( alguns chegaram a achar que muitos daqueles personagens haviam sido criados especialmente para ilustrar Crise, como o Sindicato do Crime, os personagens da Charlton Comics... ) e ninguém da editora se preocupou em lançar, por exemplo, um especial mostrando quem é quem e contando aos leitores sobre o universo pré crise.

Quando a Panini chegou muitos a beatificaram por tudo ser em formato americano, com mais páginas e qualidade superior ao original. Mas se esqueceram que as cabeças "pensantes" ( há controvérsias ) da Panini eram as mesmas da Abril. E não há como obter resultados diferentes usando os mesmos métodos.

Quanto aos custos de gráfica, é lógico que é alto, mas nós sabemos que, toda a indústria que é líder de mercado e quer se manter assim, investe em equipqmentos próprios, treinamento dos funcionários e pesquisas para conhecer DETALHADAMENTE seu consumidor. Agora pensem comigo: se um prefeito é dono de uma construtora, porque ele investiria em contratar pessoal e equipamentos para a prefeitura construir casas ( mesmo que assim, as casas fossem ficar melhores e mais baratas ) se ele pode terceirizar a sua própria empresa para isso?

Alguns falam que os GIBIs americanos são cheios de propaganda. Mas elas são, além de uma ótima fonte de renda, uma ótima maneira de vincular seu produto com o de outras empresas.
E poderia ser uma estratégia para abaixar os preços. Com uma boa parte do GIBI 'subsidiado' pelas propagandas, eles poderiam ser bem mais baratos, ficando acessíveis a mais pessoas, estimulndo o colecionismo, que diminuiria a quantidade de GIBIs usados no mercado levando quem os procura para as bancas de novos e não aos sebos ( e olha que nós somos o Blog de um sebo!!! ) aumentando as vendas.
Em um estágio mais avançado seria como na TV: ninguém paga para ver o sinal aberto, por isso todo mundo assiste, com essa visibilidade as emissoras recebem centenas de milhões de reais em propaganda, com isso tem dinheiro para fazerem melhores programas, e quanto melhores os programas mais gente assiste, e quanto mais gente assiste mais as empresas pagam em propaganda para as emissoras, num circulo interminável e lucrativo para todos.
Porque hoje, só temos propagandas nos GIBIs de outros GIBIs? O espaço é muito caro? As editoras ( ou os editores ) não querem? Ou são as empresas que não vêem nos GIBIs de hoje o potencial para exibir seus produtos ( se eu fosse de uma grande empresa e um editor-chefe me apresentasse o 'perfil do leitor brasileiro' que vi na entrevista, certamente não me interessaria ).

Por falar em 'perfil', uma grande empresa precisa, isso não é mais uma opção, conhecer o seu mercado, os seus concorrentes ( que faltam nos GIBIs Marvel/DC hoje no Brasil ) e principalmente seus consumidores!!!
Além da idade é preciso saber coisas como escolaridade, classe social, renda familiar, onde mora, personagens preferidos ( e os que não gosta ), quantos são leitoes quntos são colecionadores ( há uma grande diferença ), quantos compram um GIBI apenas por causa de uma história ( de um GIBI com 4 histórias que vende por ex 10.000 exemplares quantos foram vendidos apenas por causa de uma de suas histórias, qual história vendeu mais, qual menos, e quantos desses GIBIs foram vendidos por causa de um mix acertado pela editora ), etc.
É necessário também, fazer constantes pesquisas de satisfação, para saber a aceitação do preço, do formato, do mix, da distribuição, do custo-benefício ( que tem gente que nem sabe o que é!!! ), enfim, saber QUEM é seu cliente, PORQUE ele é seu cliente, ONDE ele está e O QUE ele acha do seu produto e da sua empresa.
Um chutometro só encobre ou um total despreparo ou uma tentativa prá lá de incompetende de 'dar um migué' ( basta saber migué em quem... )

A Bloch, que muitos criticam hoje em dia, foi uma editora que deu uma aula de marketing nos GIBIs ( e um show de trapalhadas na sua área administrativa ). Ela pegou os personagens da Marvel, que tinham pouco espaço na EBAL, e os tornou mais falados e famosos dos que os da DC. Isso foi feito graças a decisões simples como a de fazer uma parceria com um programa de TV que passou a exibir os desenhos Marvel, que eram iguais aos GIBIs o que trouxe uma nova legião de fãs ( que dura até hoje ) para os herois.
Outra decisão foi a de introduzir as gírias. Na época os jovens, adolescentes e crianças brasileiras estavam começando a ter sua voz ouvida. E essa voz eram as gírias. Ao implementar isso a Bloch conseguiu aproximar os seus GIBIs deles criando uma verdadeira conexão, que se refletiu em vendas maiores. As cores usadas pela editora ( que hoje parecem esdruxulas e exageradas ) eram na realidade mais um atrativo e totalmente integrado a realidade dos anos 1970. Quem duvida basta olhar as cores das roupas, dos carros e até das casas da época.

E hoje o que é feito para atrair o olhar dos jovens e das crianças para os GIBIs? Com tantos desenhos animados e filmes de personagens Marvel/DC por aí, porque não temos nada que vinculem os GIBIs a televisão e aos cinemas? Porque uma multinacional dirigida por mestres dos GIBI ( há controversias ) com décadas de experiencia e conhecimento ( há controversias ) não consegue repetir o que uma editora nacional, que até aquele momento nunca havia mexido com GIBIs, conseguiu há mais de 30 anos?

Realmente, editorar e publicar GIBIs no Brasil é muito dificil, mas TUDO fica mais dificil quando falta competência, profissionalismo, conhecimento ( de verdade ), e principalmente humildade para reconhecer a importância dos seus consumidores!
 
Agora é ter fé e lutar pelos nossos direitos e para que as coisas mudem... pra melhor!!!

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