quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Tintim Censurado

A Comissão para Igualdade Racial do Reino Unido pediu às livrarias britânicas, em julho do ano passado, que deixassem de vender a obra "Tintim no Congo", o álbum mais polêmico do personagem do escritor belga Hergé (1907-1983). A entidade entendia que o álbum tinha "conteúdo racista e mostrava os congolenses de maneira idiotizada e com traços semelhantes a macacos".

A história foi publicada em 1930 no suplemento infantil do jornal "Le Vintième Siècle". Nos anos e décadas seguintes, a história foi reunida na forma de álbum. Essa primeira versão acentuava ainda mais o tom colonialista que os belgas tinham do país na época, contexto essencial para que a trama seja entendida. Hergé fez duas revisões da obra, uma em 1946 e outra em 1970.

"O único lugar aceitável para mostrar o livro é um museu, com uma grande placa dizento ´material ultrapassado, totalmente racista", disse a comissão na época.
Duas das principais livrarias do Reino Unido atenderam parcialmente o pedido. Tiraram a obra da seção infantil. Mas não deixaram de vender o álbum de Hergé. O argumento das livrarias é que caberia ao leitor a decisão da compra. Resultado da polêmica: uma semana depois, a editora Egmond, que publica Tintim na Inglaterra, registrava aumento de 4.000% nas vendas do título
A obra foi relançada no Brasil pela Companhia das Letras mas esta edição procura antecipar eventuais críticas e traz uma nota contextualizando o conteúdo da obra ao leitor:

"Neste retrato do Congo Belga, hoje República Democrática do Congo, o jovem Hergé reproduz as atitudes colonialistas da época", diz a nota.

"Ele próprio admitiu que pintou o o povo africano de acordo com os estereótipos burgueses e paternalistas daquele tempo, uma interpretação que muitos leitores de hoje podem achar ofensiva. O mesmo se pode dizer do tratamento que dá à caçada de animais."





Quadrinho da versão original, de 1930, e da nova versão da obra
"Meus queridos amigos, eu vou falar hoje da pátria de vocês: a Bélgica", diz o repórter no primeiro quadrinho, que aparecia na versão original da obra.
Refeito e colorizado, teve o diálogo mudado para uma conta de dois mais dois.
A versão que a Companhia das Letras lança agora no Brasil é a revisada por Hergé.






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